Atualmente, com a evolução tecnológica e com o
melhoramento dos cuidados de saúde, tem-se verificado que a pessoa tende a ser
atendida preferencialmente para a sua dimensão física, por vezes
considerando-se o paciente (sujeito) como um misto de sintomas, minimizando a
atenção para os aspectos espirituais. Na verdade, cada indivíduo é um ser único
e original, que funciona num conjunto de variáveis físicas, psicológicas,
sociológicas, culturais e espirituais. Esta visão holística da saúde é o cerne
e o centro da prática de enfermagem.
De
acordo com o autor Carson (1989), a espiritualidade é a consciência do “eu”
mais íntimo e um sentimento de ligação a um ser superior, à natureza ou algo
superior a si mesmo (Reed, 1987). Por tal, a espiritualidade é essencial para o
bem-estar do indivíduo, pois é uma dimensão na qual o ser humano se transcende
e encontra um sentido para a sua vida.
É comum confundir-se o conceito de espiritualidade com
religiosidade. Estas duas dimensões surgem, por vezes, associadas, na medida em
que a religião pode constituir uma forma de expressão da espiritualidade de uma
pessoa. De fato, a maioria das pessoas satisfaz as suas necessidades
espirituais recorrendo à prática religiosa, reconfortando-se através dos
rituais e da crença. Todavia, é possível atingir um bem-estar espiritual sem
recorrer, necessariamente, a rituais religiosos. A espiritualidade deve ser
encarada como algo que transcende as dimensões físicas e psicossocial, dando um
sentido para a vida. Um exemplo de espiritualidade poderá ser a necessidade de
encontrar sentido para algo que está a acontecer ou que já aconteceu.
Ao longo do tempo, têm sido realizadas diversas investigações
acerca da associação entre espiritualidade e saúde. O fato de um indivíduo
acreditar numa força superior, sentindo-a como um apoio, pode ter influência na
saúde. Turney e Clancy (1986) estudaram utentes com lombalgias crônicas (dores
de costas) e concluíram que um maior recurso à oração e à esperança estavam
associados à diminuição da intensidade da dor. A investigação também demonstrou
que a meditação proporciona bons resultados no tratamento de dor crônica, insônia,
ansiedade e depressão. Humphreys, no ano 2000, verificou que o sofrimento de
mulheres vítimas de violência doméstica diminuía com a variável pessoal de
espiritualidade.
Concluiu-se, através das investigações efetuadas ao longo
das últimas décadas, que existe uma forte ligação entre mente, corpo e
espírito. As crenças e expectativas de uma pessoa podem ter efeitos no seu
bem-estar físico. Muitos destes podem estar associados com as funções hormonais
e neurológicas. Tem-se verificado que exercícios de relaxamento e visualização
guiada, por exemplo, melhoram a função imunológica do indivíduo e que o riso
aumenta o limiar da dor, reforçando os anticorpos e aliviando tensões.
Sendo assim, é de
primordial interesse atender, de uma forma contínua e eficaz, às necessidades
espirituais dos pacientes e das suas famílias, de forma a proporcionar os
resultados pretendidos em termos de saúde.
Abaixo segue um vídeo
sobre a importância do Capelão na Equipe de Cuidados Paliativos para prestação
da assistência espiritual ao paciente e sua família.
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